A música na terapia para idosos tem ganhado cada vez mais espaço como uma poderosa aliada na promoção do bem-estar físico, emocional e cognitivo. Estudos científicos e relatos clínicos mostram que a musicoterapia para idosos é capaz de estimular a memória, melhorar o humor, reduzir sintomas de depressão e ansiedade, além de promover a socialização e aumentar a qualidade de vida na terceira idade.
Neste artigo, você vai entender como a música atua no cérebro, quais os principais benefícios da musicoterapia e por que ela deve ser considerada uma prática complementar em tratamentos geriátricos.
O que é musicoterapia?
A musicoterapia é uma prática terapêutica reconhecida cientificamente que utiliza a música e seus elementos — ritmo, melodia, harmonia — para promover mudanças positivas no comportamento, nas emoções e nas funções cognitivas. Ela é conduzida por um profissional qualificado, o musicoterapeuta, que adapta atividades musicais às necessidades específicas de cada paciente.
Diferente de simplesmente ouvir músicas por prazer, a musicoterapia para idosos é estruturada com objetivos terapêuticos claros, como melhorar a memória, estimular a fala, reduzir agitação ou trabalhar aspectos emocionais.
Como a música atua no cérebro dos idosos
A música tem a capacidade única de ativar várias áreas do cérebro simultaneamente. Ao ouvir ou fazer música, o cérebro processa sons, emoções, lembranças e movimento, criando conexões neurais que podem ser muito benéficas, especialmente em pessoas idosas.
Em pacientes com Doença de Alzheimer ou outras formas de demência, por exemplo, a música pode acessar memórias que estavam aparentemente perdidas. Isso ocorre porque o processamento musical envolve regiões cerebrais menos afetadas pela degeneração cognitiva.
Além disso, a prática musical ativa o sistema límbico, responsável pelas emoções, ajudando a reduzir o estresse, a ansiedade e promovendo sensações de bem-estar.
Benefícios da música na terapia para idosos
1. Estímulo à memória e às funções cognitivas
Um dos principais benefícios da música na terceira idade é o estímulo da memória. A música pode evocar lembranças de momentos significativos da vida, ajudando idosos a se reconectar com suas histórias pessoais, familiares e afetivas.
A musicoterapia tem se mostrado eficaz em:
- Aumentar a atenção e o foco;
- Estimular a linguagem e a comunicação;
- Ajudar na recuperação da memória de longo prazo;
- Reduzir os impactos de doenças neurodegenerativas.
Idosos que participam de sessões regulares de musicoterapia tendem a mostrar maior clareza mental e uma sensação de identidade mais preservada.
2. Melhora do humor e redução da depressão
A solidão e a depressão são problemas comuns entre os idosos, especialmente em instituições de longa permanência ou após perdas significativas. A música na terapia para idosos atua como uma ponte emocional, permitindo que sentimentos sejam expressos de forma segura.
Cantar, tocar instrumentos ou simplesmente ouvir músicas preferidas pode:
- Estimular a liberação de dopamina e serotonina (hormônios do prazer e bem-estar);
- Reduzir sentimentos de tristeza e apatia;
- Promover o riso, a alegria e a socialização;
- Criar um ambiente positivo e estimulante.
A música também oferece uma rotina estruturada, o que ajuda idosos a manterem um senso de tempo e propósito.
3. Aumento da qualidade de vida
A musicoterapia para idosos vai além dos aspectos clínicos. Ela proporciona experiências significativas que enriquecem o cotidiano, promovendo autonomia, autoestima e relações interpessoais mais saudáveis.
Entre os principais ganhos na qualidade de vida, destacam-se:
- Melhora do sono e relaxamento;
- Redução da agitação e do comportamento agressivo;
- Estímulo à atividade física por meio da dança;
- Fortalecimento de vínculos familiares, especialmente quando os familiares participam das sessões.
A música também é uma forma de lazer, algo essencial para uma terceira idade ativa e feliz.
Atividades comuns em sessões de musicoterapia
As sessões de musicoterapia podem ser individuais ou em grupo e são sempre adaptadas às condições físicas, cognitivas e emocionais dos idosos. Algumas atividades incluem:
- Cantar músicas da juventude do paciente;
- Tocar instrumentos de percussão simples;
- Criar músicas ou letras personalizadas;
- Ouvir músicas selecionadas para objetivos terapêuticos;
- Trabalhar com movimento corporal, como danças leves;
- Usar música para trabalhar linguagem e memória.
A escolha do repertório é fundamental e deve respeitar as preferências musicais do idoso, pois músicas com significado pessoal geram maior impacto emocional e terapêutico.
Casos clínicos e estudos que comprovam a eficácia
Diversas pesquisas ao redor do mundo demonstram a eficácia da música na terapia para idosos. Um estudo publicado na revista Dementia and Geriatric Cognitive Disorders mostrou que sessões semanais de musicoterapia reduziram significativamente sintomas de agitação e ansiedade em pacientes com demência.
Outro exemplo é o uso de playlists personalizadas em lares de idosos, uma prática cada vez mais comum. Ao ouvir músicas significativas, muitos idosos com Alzheimer voltam a cantar, sorrir ou reconhecer familiares — momentos emocionantes que comprovam o poder da música na reativação da memória afetiva.
Como implementar a musicoterapia em instituições e residências
A implementação da musicoterapia na terceira idade pode ocorrer em diferentes contextos:
- Instituições de longa permanência (asilos): sessões regulares com musicoterapeutas ou atividades musicais guiadas por cuidadores capacitados;
- Hospitais geriátricos: como complemento ao tratamento médico e psicológico;
- Domicílio: com apoio de profissionais ou por meio de playlists personalizadas e exercícios musicais simples.
É importante lembrar que a musicoterapia deve ser planejada com o acompanhamento de profissionais da saúde e da área musical, garantindo segurança e eficácia no processo.
Música como cuidado e conexão
A música na terapia para idosos é muito mais do que entretenimento. Trata-se de uma ferramenta terapêutica poderosa, capaz de tocar as emoções, ativar memórias, melhorar o humor e transformar a rotina de quem está na terceira idade.
Em um momento da vida onde perdas são frequentes — de capacidades físicas, de entes queridos ou de autonomia — a música surge como uma forma de manter viva a identidade, a alegria e o desejo de viver.
Incorporar a musicoterapia para idosos em lares, clínicas e no ambiente familiar é investir em cuidado humanizado, promoção da saúde e respeito ao envelhecimento com dignidade.


